Com a poesia de meu pai, crio este blog...com o objetivo de publicar cultura, tradição e apego as coisas da minha terra.(imagens e obras).(...para as más linguas...claro que vai ter relatos da minha jornada).

à todos um grande "quebra costelas" para espantar o velho "minuano" da vida.

terça-feira, 20 de maio de 2008

FILOSOFIA DE GAUDÉRIO

Senhores peço licença, licença pede atenção, que junto com meu violão,num estilo missioneiro,num lamento bem campeiro de gauderio payador,pois se gaúcho senhor que em toda pampa existe é um homem que canta triste por isso que eu nasci cantor.

Peço perdão aos senhores,a minha chucra linguagem pois nela eu trago a imagen,do pampas de muitos anos, de índio sul-americano bordoniado de heroísmo que meu crioulo aticismo num gesto de reverencia,força minha inteligência ser poeta sem catecismo.

Eu aprendi a cantar versos, em faculdade campeira,em reuniões galponeiras,e em bolichos de campanha tomando um trago de canha,para afinar a garganta,pois necessita quem canta inteligência agitada, se acaso levar rodada da um grito e se levanta.

São versos de selva e campo,se perdem ao vento tiatino, repontando meu destino, campeia meu pensamento,seguem juntitos com o vento, se amadrinhando comparsas,qual duas nuvens disparsas em mutuo solidarismo, acariciando o lirismo de um branco bando de garças.

Andei por terras estranhas,no mundo muito aprendi,desde a língua guarany ao clássico espanhol,camperiei de sol a sol nas estâncias de fronteiras,peliei e corri carreiras,montei em potro aporriado so honrras eu tenho dado a minha terra missioneira.

Tem muita gente que fala, do meu viver teatino, mas eu tranço meu destino como manda a lei divina,são ordens que vem de cima do patrão onipotente,somente a gente que sente se ronda um noite inteira quando uma estrela matreira se perde no continente.

Mais triste que urutaú , mais xucro que pantanal, meu canto tradicional há de cruzar mil fronteiras, em toadas galponeiras romances do meu rincão , num desabafo de peão quem aprende a cantar solito quando de noite ao tranquito da medo da solidão.

Nunca vou cantar para o mal , meus versos são para o bem , muitos carinhos me vem, quando me encontro payando , e se por peão pobre ando, se me alegro com meu canto, meus versos cheirando a campo faz-me prever sonhador, que se eu nasci pra cantor eu ei de morrer cantando.

(Noel Guarany)

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